Tese A fotografia contemplativa no Laboratório do Olhar, por Yuri Bittar
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- Categoria: Textos e projetos
- Publicado: Quarta, 24 Maio 2023 11:36
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Fotografia, meditação, memória e criação - como tudo isso se junta?
No dia 12 de maio foi defendida a tese de doutorado “A fotografia contemplativa no Laboratório do Olhar: imagem, experiência e memória” pelo aluno Yuri Bittar, sob orientação da Profa. Dra. Flávia Liberman. Este foi o primeiro trabalho de doutorado concluído dentro das atividades do Laboratório Corpo e Arte, pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde - UNIFESP Baixada Santista - Instituto de Saúde e Sociedade.
A pesquisa também foi realizada dentro do âmbito do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CeHFi), onde a disciplina foi oferecida.
O projeto aborda o curso LabOlhar (Laboratório do Olhar), uma atividade para estudantes e comunidade, que propõe unir fotografia e meditação, e para entender melhor essa experiência foi proposta uma nova forma de entrevista, o contar-criar, estratégia que convida o “pesquisado” a ser participante ativo, e a partir de sua memória, disparada pro objetos biográficos, se envolver na criação da pesquisa.
A abordagem cartográfica permitiu acompanhar os movimentos da experiência, a profundidade da memória e a abertura para a criação, colhendo relatos, intervindo nos acontecimentos e possibilitando a performance. O fazer da pesquisa foi por si mesmo transformador, para pesquisados e pesquisadores, e permitiu o surgimento de espaços, mesmo que temporários, mais humanos e criativos, dentro do ambiente estressante da educação e da saúde.
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Resumo: O artigo apresenta uma cartografia dos acontecimentos vivenciados em um curso durante a pandemia com estudantes e profissionais da área da Saúde, adaptado para o ensino a distância e tomando fundamentalmente os conceitos de presença e experiência. Envolvendo criatividade e meditação e tendo como metodologia a fotografia contemplativa, a atividade objetivou apresentar a potência das práticas contemplativas e do Círculo Narrativo na criação de um espaço de acolhimento e de ampliação da percepção, permitindo que o tema da humanização seja abordado experiencialmente. Por meio das narrativas dos participantes e por meio de imagens e palavras, apresentam-se os impactos e sofrimentos vividos, bem como a percepção das potencialidades das frestas, ou seja, das aberturas. Tais frestas, criadas ou descobertas, geraram experiências coletivas de acolhimento e afetos disparados pela imagem, permitindo que os acontecimentos se tornassem interpelativos e criassem sentidos em dias tão difíceis.
Resumo: O artigo aborda a relação entre imagem, memória e experiência, buscando compreender o potencial da prática da fotografia contemplativa na formação superior em saúde. Ao trazer a produção de retratos e histórias de vida criados na relação pesquisador-pesquisado, resultante de uma atividade realizada em uma disciplina eletiva em uma universidade pública em São Paulo, busca-se compreender as reverberações do curso e seus efeitos enquanto proposta formativa. Como referências teóricas centrais, o texto debate os conceitos de punctum, studium e biografema de Barthes, as condições e o valor da experiência em Larrosa Bondía e a importância da entrevista na cartografia em Tedesco. Buscamos ainda, ao final, construir uma reflexão sobre a potência interpelativa desta proposição no sentido de, para além de relatar acontecimentos, poder criar uma experiência humanizadora, sendo uma prática ao mesmo tempo contemplativa, criativa e formativa.

